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Obras Inéditas

Niobe Xandó, Gisela Eichbaum, Jandyra Waters,

Agi Straus, Bárbara Schubert Spanoudis e

Elena Nikitina.

Lembrando o espírito das concorridas exposições coletivas frequentes em São Paulo, em especial a partir da década de 1950 – hoje mais raras – o curador Antonio Carlos Suster Abdalla, reuniu um elenco de seis artistas, todas elas mantendo vínculos históricos e afetivos, pois conviveram entre si e vivenciaram laços de amizade. A paulista Niobe Xandó, a alemã Gisela Eichbaum, a também paulista Jandyra Waters, a austríaca Agi Straus, a também alemã Bárbara Schubert Spanoudis e a russa Elena Nikitina, por opção ou circunstancias outras, fizeram de São Paulo a cidade escolhida para viverem.

Elena Nikitina chegou mais recentemente, na década de 1970, mas as outras cinco começaram suas carreiras nas artes nas décadas de 1940-1950 – período surpreendente pelo crescimento da futura metrópole e preâmbulo das artes plásticas que estavam por vir, depois dos momentos de inquietações, descobertas e vanguardas, e a chegada da bienal da cidade, em 1951, que consolidaram uma vida cultural promissora em São Paulo – até aquele momento insipiente e dispersa.

As seis artistas possuem longos e sólidos currículos, consolidando seus percursos numa infinidade de exposições individuais, mostras coletivas, bienais e salões de arte, nacionais e internacionais.

Mas o título desta coletiva (Obras inéditas) é paradoxal: artistas de longas carreiras, apresentando obras inéditas? Sim, a curadoria foi buscar nos acervos pessoais das artistas obras que nunca – ou raramente – foram mostradas publicamente. Assim, Niobe Xandó tem Obras figurativas, da década de 1950, de arguta sensibilidade e, como reforçou em todo o percurso de sua vida de desenhista, pintora e gravadora, um traço surpreendente e vanguardista; Gisela Eichbaum apresenta uma valorosa Iconografia de São Paulo, com obras de técnica mista, da década de 1950, prenuncio das abstrações líricas que irão consagrá-la; Jandyra Waters, reconhecida por um traço firme em seus geometrismos perfeitos, apresenta um Abstracionismo lírico, da década de 1960, que tem uma paleta de cores equilibrada e introspectiva; Agi Straus, com obras de décadas de 1980-1990, confirma sua inventividade e generosidade com os materiais numa série nomeada de Israel, resultado de uma viagem de fortes vivências emocionais e memoriais; Bárbara Schubert Spanoudis tem uma série de Retratos, dos anos 1940-1950, de exigente desenho e resultado de seus anos de formação, para depois seguir consagrado caminho pelo abstracionismo histórico e muito pessoal; Elena Nikitina segue por caminho inverso: apresenta mostra suas obras mais atuais, Suítes Geométricas, ainda não expostas, e um único trabalho, mais recente, seguindo por caminho inusitado. Essa união de estilos é oportunidade rara e prova inconteste de artistas que sempre viveram integralmente o ofício da arte.

Antonio Carlos Suster Abdalla

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