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Paisagem Impressa

Silvia Ruiz

A pesquisa poética de Silvia Ruiz se desenvolve principalmente a partir da experiência com a gravura. Provocativa, a artista une a concepção mais convencional da arte de gravar à natureza experimental da produção contemporânea, esgarça seu horizonte ao mesmo tempo em que a impregna com recursos diversos da criação artística.
Além de impressões obtidas por matrizes, em seus trabalhos encontramos recortes irregulares feitos à mão de papéis diversos, colagens e o uso de tintas, como a aquarela.
Além de impressões obtidas por matrizes, em seus trabalhos encontramos recortes irregulares feitos à mão de papéis diversos, colagens e o uso de tintas, como a aquarela. Estes recursos técnicos somados, possibilitam explorar arranjos, justaposições, sobreposições, texturas; ampliam a utilização de matrizes em estampas de composições diferentes. Torna cada trabalho único, justamente por cada um ser resultado de um processo particular e impossível de ser reproduzido. Dessa forma, a gravura que tem como uma das suas especificidades a possibilidade da reprodução, na elaboração da artista, é subvertida ao limite da unicidade.

Muitos são os temas tratados na obra da artista. Contudo, para essa mostra, a sugestão de vistas naturais, e a paisagem e seus elementos, foi o recorte temático decidido. Assim sendo, montanhas, árvores e nuvens, anunciam-se em cada uma das imagens. As obras expostas reúnem experimentações com matrizes em linóleo e xilogravura trabalhadas pela artista ou mesmo em estado bruto, nas quais por vezes reconhecemos de imediato os elementos figurados, e em outras lidamos com a sugestão de formações que nos remetem à paisagem. Muito do que observamos nos chega mais pela impressão de ali se constituir uma vista de um espaço natural do que por uma representação específica de uma topografia em particular. Vislumbramos nessas obras possibilidades flutuantes de signos da paisagem.

As técnicas empregadas pela artista geralmente são articuladas para potencializar a experiência da cor e das formas. Manchas translúcidas de aquarela se combinam com papéis artesanais opacos e recortes orgânicos de impressões de sulcos ritmados. Matrizes recortadas em formatos abstratos fluidos, árvores e folhas, são reutilizadas e rearranjadas em posições diversas, propiciando distintos resultados em cada processo.

Na produção das matrizes, o recurso de hachuras é explorado tanto para trazer luz para as formas, rompendo a homogeneidade da cor, como para criar movimento para o olhar observante que transita por sequenciamentos de linhas e traços verticais, horizontais e em outras tantas direções.

A obra de arte, assim como a natureza, nos desperta para a contemplação, para o tempo calmo da apreciação. Os trabalhos de Silvia Ruiz, ao unir sugestão e representação do mundo natural, também nos convidam a olhá-los pausadamente. Olhar para se deixar tocar pelo tempo, se encontrar na natureza, se deslocar em impressões.

Paulo Trevisan
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